sexta-feira, 24 de abril de 2015

Bastões de Caminhada



Muita gente pergunta qual a vantagem de utilizar o bastão de caminhadas. 
Vamos tentar explicar os benefícios e contras do uso dos bastões em caminhadas, de forma a ajudar a esclarecer algumas dúvidas.


Na realidade, o bastão de caminhadas tem-se tornado um equipamento obrigatório para muitos desportistas que praticam longas caminhadas, sendo muito útil também para quem leva a mochila nas costas. Existem vários estudos que demonstram que o esforço da caminhada usando bastões é mais repartido entre os diversos membros bem como pelo resto do corpo, sendo um factor importante na redução de cargas de força exercida sobre a coluna vertebral, nas costas e sobretudo nos joelhos. É sobretudo nas zonas de maior declive que a sua influência se faz sentir como factor de potencial equilíbrio do corpo e nos movimentos e da distribuição corporal do esforço. Em pisos mais irregulares ou com neve e gelo facilitam o equilíbrio e a progressão. Também contribuem para a manutenção de uma postura mais correcta, contribuindo num ciclo respiratório mais intenso e activação da circulação sanguínea.
Investir num par de bastões de caminhada poderá proporcionar mais prazer, mas acima de tudo, proporcionar mais segurança e menos esforço ao caminhar. É um equipamento essencial para quem costuma fazer caminhadas. Resumindo, os bastões são uns óptimos amigos.

Tipos de Bastão de caminhada

Bastões anti-choque

Estes bastões possuem molas anti-choque no seu interior, proporcionando um amortecimento maior aos impactos. As molas podem também ser desactivadas em alguns modelos. Este modelo de bastões é mais recomendado para quem tem problemas de joelhos ou tornozelos.




Bastões standard

Estes modelos não possuem as molas e por isso são mais leves e mais baratos. Podem ser encontrados bons modelos no mercado para satisfazer as necessidades de qualquer caminhante.



Bastões retrácteis

São bastões feitos em alumínio e que podem ser compactados em tamanho bem pequeno, para serem guardados. Funcionam com uma corda no seu interior que é puxada e tensionada para manter o bastão firme (mesmo sistema das muletas retracteis). São muito leves e práticos, mas não podem ter o seu comprimento variado.




Tipos de material

Existem basicamente dois tipos de materiais mais utilizados para os bastões de caminhada, Duraluminio e Fibra de Carbono:

Duralumínio ou alumínio high-grade: é um material muito resistente e económico. Os bastões feitos de duralumínio costumam ser muito leves. Normalmente pesam aproximadamente 350 gramas. Uma das vantagens deste material é que o duralumínio pode dobrar, perante um esforço muito elevado, mas não quebra completamente.

Fibra de Carbono: é um material muito leve e resistente e costuma pesar aproximadamente 310 gramas. São também modelos um pouco mais caros e muito indicados para situações mais extremas de caminhadas. Ao contrário dos modelos de duralumínio, os de fibra de carbono podem quebrar perante situações de extrema tensão.

Grips ou Punhos

A Grip ou punho é a extremidade onde o caminhante segura o bastão. Sempre possui uma alça de fixação para ser colocada em volta dos pulsos. A sua função é a de proporcionar uma melhor pega e aliviar a pressão nos pulsos, além de evitar que caiam acidentalmente da mão.
As grips ou punhos podem ser de 3 tipos:

Cortiça:

São muito confortáveis e aliviam muito o suor das mãos e reduzem bastante as vibrações.









Borracha:

Absorvem bem o choque e vibrações e proporcionam uma óptima pega, especialmente quando se sobe algum terreno. No entanto, não fazem boa absorção do suor das mãos, embora que os modelos mais recentes possuem ranhuras que minimizam este problema.






Espuma:

É uma opção muito utilizada por ser um óptimo absorvedor do suor das mãos e ser muito macio ao tacto.





Baskets e Ponteiras

As baskets são os acessórios acoplados nas ponteiras para limitar a penetração destas em diversos tipos de solo. Existem modelos para terreno mole, lama ou neve. É um acessório importante que normalmente acompanha o bastão na sua versão original.

As ponteiras costumam ser de aço, tungestenio ou carbono e são importantes para uma boa penetração no terreno. As ponteiras podem ter a forma achatada, redonda ou concava, sendo as preferidas as de pontas achatadas ou redondas, uma vez que têm melhor aderência às irregularidades das rochas. Normalmente os bastões são fornecidos com protectores de borracha para as ponteiras, que protegem as mesmas durante o transporte. As protecções também evitam furar roupas ou outros objectos na bagagem quando o bastão não é usado. Convém lembrar que a protecção de borracha tem somente esta função e não deve ser mantida no bastão quando estiver a caminhar com os bastões.


Alças do punho

São as cintas que se encontram nos punhos dos bastões e se colocam ao redor do pulso para apoiar directamente o peso no pulso e não na mão, evitando desta forma que a mão esteja constantemente a pressionar o punho do bastão, o que causaria dor e eventualmente bolhas ou feridas se a caminhada for grande. Como curiosidade convém advertir que quando atravessarmos uma zona com vários obstáculos e grandes dificuldades, o melhor será não usar as alças do punho e agarrar o punho do bastão directamente, porque se cairmos com os bastões agarrados aos pulsos corremos o risco de não conseguirmos deter a queda com as mãos e na pior das hipóteses fracturarmos os pulsos.

Rosetas

Estas peças de forma circular, com pequenos dentes, cumprem a função de evitar que o bastão se afunde se nos apoiar-mos em terreno mole ou nevado. O problema com as rosetas é que se estas forem muito grandes diminuirão o ângulo de ataque do bastão. Se o ângulo entre o bastão e a superfície for muito grande, acontece que a roseta seja a que se apoia no solo em vez da ponteira do bastão, o que pode provocar acidentes, porque provavelmente o bastão deslizará ao estar apoiado apenas pela roseta.

Vantagens dos bastões em caminhadas:

  • A vantagem mais importante dos bastões, é que melhora notavelmente a distribuição do peso que levamos e portanto melhora o rendimento físico, a quantidade de quilómetros que podemos caminhar e o conforto. Ao caminhar com bastões, parte da força que fazem os quadricipedes e gémeos para suportar toda a carga, distribui-se pelos músculos peitorais e dos braços, assim utilizamos um maior número de músculos para distribuir a carga e cada um deles trabalha em menor esforço.
  • Proporcionam melhor equilíbrio e rendimento durante a caminhada. É pura lógica, que ao possuir quatro pontos de apoio em vez de dois é muito mais fácil manter o equilíbrio, desde que se alternem os bastões e pés de maneira correcta.
  • Permitem que trabalhe também a parte superior do corpo.
  • Como os braços estão em permanente movimento, evitam o tradicional inchaço das mãos em dias mais quentes.
  • Diminuem o esforço nas subidas, reduzindo consideravelmente o esforço e pressão nos joelhos e articulações.
  • Nas subidas, os bastões transferem parte do esforço para os ombros, costas e braços, reduzindo o esforço e a fadiga das pernas.
  • Ajudam o caminhante a estabelecer um bom ritmo de caminhada.
  • Aumentam a segurança nos terrenos acidentados, cheios de pedras ou demasiado lisos.
  • Em casos de torção do pé, o bastão pode ser utilizado como apoio e pode livrar o caminhante de se ferir na caminhada.
  • Podem ser usados para verificar a estabilidade do terreno antes de prosseguir e também para verificar a presença de cobras ou outros animais, dependendo do local onde estiver a caminhar.
  • O uso do bastão de caminhadas, ao contrário do que parece, não diminui o gasto de energia pelo caminhante. Muitos especialistas garantem que de facto aumenta até 20% este gasto energético, pois o caminhante é obrigado a movimentar todo o corpo, como braços e ombros, no entanto tem a vantagem de proteger o desgaste físico das pernas, distribuindo o esforço por quase todo o corpo.
  • Os bastões são também muito recomendados para quem tem problemas nos joelhos ou tornozelos, principalmente nas subidas e descidas de terrenos mais acidentados. De acordo com estudos elaborados sobre o assunto, esta compressão pode ser reduzida até 25%.

Desvantagens dos bastões em caminhadas

  • Técnica incorrecta do uso de bastões. Se a distância entre o corpo e o bastão for muito grande, não apenas reduz o alivio de esforço como poderá resultar num forte torque que poderá levar o caminhante ao desequilíbrio e queda.
  • Segundo adverte a UIAA, o uso continuado dos bastões diminui o sentido do equilíbrio e a coordenação, pelo que aconselha o seu uso apenas de vez em quando. Em caminhadas longas recomenda-se alternar períodos de caminhada com bastões e outros períodos sem bastões, dependendo do terreno e das características deste.
  • Mecanismos de redução de protecção fisiológica. Forte pressão e estimulo por esforço são muito importantes para a nutrição das cartilagens das articulações e também para treino e manutenção da elasticidade da musculatura de esforço. O uso contínuo de bastões diminui estes importantes estímulos por esforço.
  • Aumento da frequência cardíaca devido ao aumento da actividade muscular nas extremidades superiores.
  • Falsa segurança em zonas com neve dura, não devemos fazer a progressão apenas com bastões nestes casos, mas sim com o piolet, podendo ajudar com um bastão e guardando o outro na mochila, pois desta forma em caso de queda poderemos sempre fazer uso do piolet para a auto-detenção.

Um ou dois bastões?

Esta pergunta é pertinente e logicamente caberá a cada um decidir a opção a tomar, no entanto convém ter atenção ao efeito dos bastões, ou seja, quando caminhamos uma perna é que recebe todo o peso do nosso corpo, mais a carga da mochila, mantendo o equilíbrio até ao passo seguinte, quando todo este peso se transfere para a outra perna. 

Então dois bastões bem utilizados proporcionará sempre dois pontos de apoio em vez de uma só perna transferindo o esforço pelos dois pontos de apoio (perna e bastão). Utilizar um par de bastões, é como andar com 4 pernas, pois repartem os esforços a todas as extremidades e portanto oferecem maior segurança do que apenas um bastão. Para tirar benefício desta situação deve utilizar os bastões como se fossem suas outras duas pernas, ou seja quando se avança com a perna esquerda, avançamos com o bastão direito e assim por diante.

Alguns conselhos para a compra de bastões

Ao escolher o tipo de bastão de caminhada, convém levar em conta as características de resistência dos materiais de fabrico e procure investir num produto de boa qualidade, pois desta forma poderá obter o máximo retorno do seu investimento. 

Escolha sempre um par (2 peças), pois o rendimento em marcha será muito melhor ao utilizar dois bastões, um em cada mão.

Existem bastões de 2 ou 3 secções extensíveis, aconselha-se a compra do de 3 secções, pois ocupam menos espaço ao acondicionar na mochila.

Não confundir resistência com ligeireza, os bastões ultra-ligeiros são muito atractivos na loja, mas duram menos que os outros.

O mecanismo de fixação dos lanços telescópicos devem ser sólidos. É a primeira coisa que falha num bastão. Os de sistema giratório estragam-se com maior facilidade, sendo preferível o sistema de patilha similar aos fechos rápidos das bicicletas.

Ter particular atenção aos punhos, devem ser cómodos e anatómicos, sendo preferíveis os de cortiça ou espuma.
A alça do punho deve ser similar à dos bastões de esqui de fundo, cómoda e anatómica.

A ponteira do bastão deve ser dura e o ideal será adquirir um bastão que permita a troca de ponteiras, porque este factor é importante para a vida do bastão.
Os bastões com sistema de amortecimento geralmente apenas servem para tornar os bastões mais pesados e por vezes ganham ruídos com o flectir da mola. Este sistema apenas faz sentido em terrenos com muitas pedras, caso contrário costumam produzir bolhas, queimaduras e feridas nas mãos e pulsos. Se caminharmos em neve, lama, ou terreno mais suave, este sistema não faz sentido.


Como utilizar o bastão de caminhada

Os bastões de caminhada podem ser ajustados na sua altura, aproximadamente entre 66 cm e 135 cm. Normalmente trazem marcações para facilitar o ajuste.
Abrir sempre os 3 segmentos do bastão por igual, não alargar apenas um.
Colocar correctamente a alça do punho, muitos caminheiros utilizam-a incorrectamente.

Subindo no terreno: Diminuir o comprimento das astes em alguns centímetros para aumentar a capacidade de alavancagem do bastão.

Descendo no terreno: aumentar o comprimento das astes em alguns centímetros para proporcionar maior controle e equilíbrio. É importante usar os bastões o mais perto possível da linha de queda do corpo. Se os bastões forem usados correctamente nas descidas de encostas, poderão absorver várias toneladas de peso da parte inferior do corpo por hora de caminho.

Em terreno plano: Para o ajuste normal do comprimento do bastão, o braço deve ficar horizontal formando um ângulo recto de 90º quando o bastão estiver na mão e apoiado no chão. Já foi demonstrado que não há diferença significativa no uso de um ou dois bastões em caminhada sem carga, mas ao caminhar com carga o equilíbrio é significativamente reforçado pelo uso de dois bastões.

Em terreno inclinado: O bastão mais abaixo deve ser mais longo e o bastão que fica acima deve ser mais curto. Em alternativa deve pegar no bastão mais abaixo do grip ou punho.

Em grandes altitudes ou em ambientes mais frios: os bastões não devem ser ajustados em tamanhos muito longos (as mãos devem ficar mais baixas que o cotovelo no uso do bastão), de contrário a circulação sanguínea será afectada e o usuário terá dedos frios em curto espaço de tempo.

Utilizar em cada caso a roseta mais adequada, grande para neve e pequena ou nenhuma para caminhos de terra.

As vantagens e desvantagens do uso de bastões, devem ser avaliadas caso a caso. Como os bastões podem tornar-se de difícil manipulação e caso precise de ter as mãos livres em terrenos de maior dificuldade, é importante ter uma forma de os fixar na mochila e o melhor será prendê-los com as pontas para baixo, para evitar cegar os olhos do caminhante seguinte.

Definitivamente, os bastões são uma parte do equipamento de trecking que não deve faltar. Não ocupam muito espaço nem são muito pesados e são uma ajuda bastante significativa durante a caminhada, sobretudo verifica-se quando fizermos mais de 5 horas de caminhada, onde se notará a distribuição do esforço entre mãos e pernas.

CMB

O Kit de Primeiros Socorros


No nosso dia-a-dia, a cada hora, a cada minuto, o perigo está sempre presente. Quando vamos para a montanha, não podemos esquecer que vamos para um meio adverso, onde as probabilidades de um acidente acontecer, aumentam significativamente. 

Cada montanha oculta diversos e diferentes tipos de riscos, podemos cair em buracos ou ribanceira, tropeçar em troncos e raízes, esfolar braços e pernas, ferir olhos, etc. É lógico que o kit de primeiros socorros não irá resolver um problema de acidente grave na sua totalidade, mas pode minimizar as lesões, até se providenciar o transporte do ferido, pois será o único auxilio existente, uma vez que as farmácias e os hospitais se encontram muito distantes, para se aplicar o socorro com urgência.

Por esse motivo transportar um kit de primeiros socorros na mochila pode ajudar muito. Coloca-se neste momento uma questão pertinente “o que levar no kit de primeiros Socorros?”

Fazer um kit de primeiros socorros não é uma tarefa trivial. O kit de primeiros socorros deve ser pequeno, compacto e robusto, com o conteúdo embalado em pacotes impermeáveis. Eu pessoalmente aconselho um kit como o que transporto normalmente na mochila. 

O meu Kit de Primeiros Socorros é composto pelo seguinte material:
  • Lençol térmico de sobrevivência prateada de um lado e dourada do outro. Serve para envolver a vítima conservando o calor do seu corpo.
  • Pastilhas purificadoras de água (exemplo: Clor-in). Coloca-se uma pastilha por cada litro de água e deixa-se actuar por um período de 10 minutos antes de beber a água. Estas pastilhas têm a função de destruir bactérias perigosas que se encontram em água contaminada, protegendo-nos contra as doenças por estas causadas. Pois nunca sabemos a água que vamos encontrar.
  • Luvas descartáveis, para nos protegermos de sangue e protegermos a vítima de bactérias.
  • Tesoura. De preferência com pontas arredondadas, para evitar ferir a pele da vítima.
  • Pinça. Para extrair pequenos detritos de feridas, entre outras funções.
  • Rolo de fita adesiva (fita americana), para fixar as compressas, entre outras funções.
  • Pensos rápidos, para pequenas feridas.
  • Ligaduras elásticas, de várias medidas.
  • Compressas. De vários tamanhos e suficientes para absorver bastante quantidade de sangue.
  • Soro Fisiológico em embalagens individuais, para lavar feridas.
  • Pastilhas de Magnésio (exemplo: Magnesium-OK). Para as situações de caímbras, cansaço físico e fadíga muscular.
  • Repelente de insectos, Geralmente roupa espessa protege, mas quando estiver calor não será muito confortável esta situação, pelo que sugiro o repelente.
  • Lenços triangulares. Para cobrir feridas e imobilizar membros (oportunamente colocarei um artigo sobre utilização de lenços triangulares)
  • Alfinetes de segurança (tipo alfinetes de dama) para prender ligaduras, lenços triangulares, etc.
Quanto a medicamentos apresento uma lista que aconselho a incluir no kit de primeiros socorros:

  • Paracetamol (exemplo: Ben.u.Ron). Para situações de febre, dores e cólicas. Para pessoas que pesem menos de 50 kg devem tomar até 4 vezes ao dia de 500mg, e 1000mg para pessoas acima desse peso.
  • Loperamida (exemplo: Imodium). Para situações de diarreia, cápsulas de 2mg em SOS até 6 por dia.
  • Metoclopramida (exemplo: Primperan). Para situações de vómitos. Em caso de SOS, comprimidos de 10mg.
  • Cetirizina (exemplo: Aerius). Antialérgico. Em caso de SOS até 2 vezes ao dia (este medicamento interfere com o álcool, pelo que não deve ser misturado).
Relativamente aos medicamentos, cada pessoa deve levar consigo a medicação individual de casos de doença crónica ou medicação que esteja a efectuar no momento.

Quanto ao kit de primeiros socorros, é preciso saber utilizar todo o equipamento disponível. Para isso aconselho que cada um efectue um curso de primeiros socorros ou no mínimo levar no grupo duas pessoas que tenham conhecimentos de primeiros socorros.

A lista parece extensa, no entanto tudo cabe numa embalagem pequena e esperemos que nunca seja preciso utilizar nada do seu conteúdo. Mas como todo o cuidado é pouco, boas caminhadas e muito cuidado, principalmente nas descidas e no regresso, quando já estamos todos relaxados ou cansados, pois é aí que se dão os principais acidentes.

Amadeu Barros

Os guias da Iberian Trekking têm formação na área de socorro e salvamento sendo Instrutores nessas áreas.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Lista de material para Alpinismo

Roupa

. Botas de montanha (recomendo o uso de botas de montanha rígidas ou semi-rígidas para maior estabilidade em terreno nevado)
. Calças impermeáveis
. Casaco impermeável
. Forro polar fino
. Forro polar grosso
. Roupa interior térmica
. Meias (de preferência sem costuras)
. Óculos de sol
. Luvas finas
. Luvas impermeáveis
. Gorro

Material

. Mochila (45L a 65L)
. Capa para mochila impermeável
. Colchonete
. Saco cama
. Lanterna frontal
. Fogão + gás + isqueiro
. Tachos + talheres + canivete
. Caneca
. Termos (entre 0,7L e 1L)
. Papel higiénico + toalhetes
. Protector solar (factor de protecção superior a 30 ou protector de tipo "écran total")
. Sacos para o lixo
. Bolsa de higiene
. Bolsa de primeiros socorros
. Comida
. Tenda (1 para cada 2 ou 3 pessoas)

Material Técnico

. Bastões de caminhada
. Piolet
. Crampons
. Polainas
. Máscara de neve
. Arnês
. Capacete
. Mosquetões (1 x HMS + 2)
. Descensor
. Cintas de fita  (1 x 60 cm + 1 x 120cm)

Fonte: Amadeu Barros

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Mochila III




Como distribuir o peso na mochila

Esta é uma das dúvidas mais frequentes, como distribuir o peso na mochila. Vamos tentar ajudar , começando por lembrar que o bom equilíbrio da mochila nas costas é fundamental para o conforto e desempenho do utilizador. Por norma devem-se colocar as coisas mais pesadas em cima e as mais leves em baixo, o que pode fazer falta a qualquer momento deve ir nos bolsos laterais (se tiver bolsos laterais), ajustar bem a mochila ao corpo através das alças e do cinto. No entanto a distribuição dos equipamentos na mochila pode mudar de acordo com a actividade a ser praticada.

Quando efectuar caminhadas leves (terrenos suaves e descampados), aconselho a colocar o material pesado o mais alto possível e perto das costas, de forma a manter o centro de gravidade da carga na altura dos ombros.
Quando efectuar caminhadas médias (terrenos acidentados e trilhos em mata) e escaladas, uma vez que são situações que exigem passos altos, saltos, agachamentos e balanços laterais, o centro de gravidade deve situar-se na altura do meio das costas e próximo à mesma.

Quando efectuar caminhadas difíceis (terreno muito acidentado e mata fechada) e grandes cargas, pode-se colocar o equipamento pesado no fundo da mochila, o que permite maior liberdade de movimentos e consequentemente, menos desgaste físico.

O que levar na mochila? Como distribuir?

Ora aqui está uma pergunta pertinente e de difícil resposta, de qualquer forma vou dar algumas “dicas”, sendo conveniente informar que só após efectuar várias jornadas nos vamos apercebendo de como devemos seleccionar o nosso material a carregar, do que realmente faz falta e do que geralmente transportamos inutilmente, com a experiência vamo-nos apercebendo do que realmente faz falta e do que pode ser completamente desnecessário.

Deve evitar levar na mochila embalagens pesadas, de vidro, quadradas, pontiagudas ou muito rígidas. Quanto mais maleáveis e menores forem as coisas que levar, melhor aproveitamento fará do espaço na mochila. Evitar levar muita roupa desnecessária e volumosa. Aproveite todos os espaços vazios, como por exemplo, colocar os artigos de limpeza dentro da marmita, colocar meias dentro dos copos, retirar o rolo central rígido do papel higiénico, tudo deve ser pequeno por exemplo tente levar os produtos no tamanho “amostras grátis”. À quem defenda que a melhor forma é colocar a roupa na mochila toda amarrotada, outros defendem que a roupa ocupa menos espaço se for dobrada, outros se for enrolada, enfim, o melhor será experimentar todas as opções e ver qual se adequa melhor. 

Convém embalar tudo em plásticos individuais uma vez que não existem mochilas 100% impermeáveis, embora algumas mochilas possuam uma resina interior que apenas retarda a penetração da água no seu interior. Se a mochila não possuir uma capa impermeável para a chuva, será conveniente comprar uma (existem à venda individualmente para todos os tamanhos de mochila). Evitar colocar objectos com arestas e duros junto das costas, mesmo que ao inicio não incomodem muito, após uns kilometros não conseguimos continuar e teremos que parar para ajustar novamente o interior da mochila. Os objectos que se transportem fora da mochila devem ir bem presos e nunca ao dependuro, pois o balanceio torna-se incómodo e corremos o perigo de os perder. 

Convém ter sempre à mão os objectos essênciais, como por exemplo kit de primeiros socorros, alguma comida ligeira, lanterna, canivete, bússola e mapa, etc.
Mantenha a carga o mais leve possível, a carga máxima por pessoa não deve ser superior a um quarto do seu peso. Ajustar a mochila de modo a manter a carga junto às costas, mas sem restringir a circulação dos braços.

Não esquecer que se nos deslocarmos para o estrangeiro é conveniente levarmos a documentação necessária, como por exemplo Bilhete de Identidade, Cartão de saúde europeu, carta de condução, cartão multibanco, passaporte com validade, licença de montanheiro, seguro, etc. 


Curiosidades
Uma forma de proteger os objectos de pancadas e da humidade é colocar a colchonete enrolada dentro da mochila e colocar o material no seu interior.










Como colocar a mochila às costas?

Como colocar uma mochila pesada nas costas quando se encontra sozinho? A forma mais fácil consiste em colocar a mochila em cima de uma rocha ou uma arvore caída e então introduzir-se no arnês. Caso contrário deve agarrar a mochila fortemente na parte superior e levanta-la até à coxa da perna flectida, então introduz-se um braço numa das alças e subir a mochila para as costas. De seguida introduz-se o outro braço e inclina-se o corpo para a frente para apanhar a fita do ajuste frontal e apertá-lo. Podemos depois em terreno fácil afrouxar as fitas dos ombros para que as ancas façam todo o trabalho.

Link: Mochila I
Link: Mochila II

Por: Amadeu Barros

Mochila II

Tamanho

O tamanho de uma mochila é determinado pela sua capacidade em litros. As mochilas pequenas, em geral, têm capacidade para 25 a 40 litros e destinam-se a pequenas jornadas de um dia no máximo. A capacidade das médias varia de 45 a 60 litros e as grandes podem carregar de 60 a 90 litros, destinadas a actividades de vários dias em que seja necessário levar o material e roupa suficientes. Se pretende apenas uma mochila polivalente, talvez a melhor opção seja adquirir uma mochila média que possua bons recursos de ajuste para manter a carga bem firme na mochila, mesmo não estando completamente cheia. Se possível, o ideal será a mochila não ultrapassar a largura dos ombros e não passar acima da cabeça, de forma a não incomodar quando atravessarmos zonas de mata densa ou locais muito apertados.

Como regular a mochila
As mochilas modernas têm vários ajustes e é fundamental conhecer as suas funções para poder adequá-las a cada situação. É fundamental conhecer a sua mochila e todos os seus detalhes. Quando olhamos para uma mochila, verificamos que tem imensas fitas dependuradas, todas essas fitas não são puro enfeite, cada uma tem uma função específica. Com excepção do ajuste dorsal, todas as outras devem ser ajustadas de cada vez que se coloca a mochila, pois dependem da carga, do terreno, da roupa e até do humor do dono. Quanto mais técnica for a actividade, mais se exige estabilidade da mochila e mais apertados devem ser os ajustes.

Ajuste dorsal 

Normalmente é o único ajuste fixo da mochila, quer dizer, regula-se uma vez de acordo com o tamanho do seu tronco. Fazer esse ajuste de maneira muito atenta e de preferência com o auxilio de alguém. Se este ajuste for mal efectuado poderá sobrecarregar os ombros, levando rapidamente ao desgaste físico.





Fitas de compressão lateral 

Este tipo de ajuste torna-se especialmente importante para mochilas com meia carga, pois permite compactar a carga mais perto das costas. O ideal é deixar a mochila achatada e rígida. O sistema mais comum é o de duas ou três fitas horizontais em ambas as laterais da mochila. O ajuste é feito com fivelas de nylon do tipo “só puxar”. É conveniente deixar pelo menos quinze centímetros de fita sobrando. Neste caso fivelas tipo macho-fêmea facilitam ainda mais a operação.



Ajuste frontal

Este é o acessório mais importante da mochila, média ou grande. Evite as mochilas com ajuste fixo, ou seja, aquelas que além da fivela principal da frente tem uma outra que fixa o ajuste. No mínimo, um dos lados deve ter regulação livre, ajustável sem que seja preciso desapertar a fivela principal. Certifique-se também se a regulação mínima da parte da frente vai ser ajustada adequadamente quando estiver mais magro ou sem roupa volumosa.
Algumas pessoas chegam a perder até cinco quilos numa caminhada de quinze dias em terreno difícil ou em altitude. Não esquecer que a função principal do ajuste frontal é transferir o peso da mochila para os quadris. Alças fofinhas e com aparência confortável podem-se tornar num martírio com uma mochila carregada e normalmente perdem muito em durabilidade. Preste atenção também à fivela. Existem muitos modelos diferentes e alguns deles podem quebrar se utilizados de forma exigente, principalmente se forem de plástico. As boas fivelas são de nylon e geralmente fazem um sinal sonoro “clac” quando fecham.


Alças principais

Assim como no ajuste frontal, as alças devem ser estruturadas (semi-rígidas) para melhor eficiência e durabilidade. As alças “acolchoadas” ou “fofinhas” acabam por se deformar e tendo a superfície de contacto diminuída. O ajuste das alças pode ser de cima para baixo, quando as fivelas são fixas nas extremidades das alças, ou de baixo para cima quando as fivelas são fixas na base da mochila.




Estabilizador lateral

Item responsável pela estabilização do movimento lateral da mochila sobre as costas. Deve ser regulado após o ajuste frontal e as alças terem sido apertadas, pois o seu ajuste muda drasticamente a cada situação.







Estabilizador superior 

Mantém a mochila próxima das costas e desloca o peso para a frente, o que aumenta a eficiência do ajuste frontal. Muitas mochilas permitem regular a altura desta inserção. O ideal é que ela se mantenha alguns centímetros acima dos ombros.





Estabilizador peitoral

É uma óptima solução para cargas pesadas, terrenos acidentados e caminhadas longas. Evita que as alças entrem debaixo dos braços e permite transferir o puxão da mochila (tendência da mochila cair para trás) para a área peitoral, aliviando os ombros. Mudando-se o ajuste do estabilizador peitoral durante o decorrer do dia, ou mesmo soltando-o algumas vezes, alivia-se bastante o desconforto na parte superior do tronco.

Link: Mochila I

Fonte: Clube de Montanhismo de Braga

Mochila I

A mochila é um dos elementos do nosso equipamento que requer mais atenção e cuidado. Uma mochila que se ajusta mal ou de má qualidade, irá tornar a nossa vida infernal, encorvando-nos lentamente até que fiquemos exaustos e doridos. Na hora de adquirir uma mochila, devemos ter muito cuidado, pois será a nossa companheira inseparável que nos ajudará a transportar a casa às costas.

Até à pouco tempo, falar de mochilas era o mesmo que falar de armações de madeira. Posteriormente a mochila com armação exterior de alumínio teve um grande êxito, no entanto com o evoluir da tecnologia, as mochilas evoluíram e dispomos actualmente de diversos tipos de mochila com armação interior e adaptadas aos diversos tipos de actividades. É essencial que a mochila se torne o mais confortável possível.


O nosso corpo e a mochila


Pensemos na articulação e na acção axial que se produz entre as pernas, a zona pélvica, a coluna vertebral, os ombros e os braços, enquanto caminhamos. Quando avançamos o pé direito, a anca direita gira sobre a parte inferior da coluna; a perna esquerda move-se a seguir e imediatamente a anca esquerda gira sobre a coluna em direcção oposta. Simultaneamente os ombros movem-se em tandem, mas o seu movimento é diametralmente oposto ao das pernas e os braços balançam de trás para a frente para equilibrar a passada. Em terreno plano, a mochila rígida de armação exterior não interfere muito na mecânica do movimento, mas se abandonarmos a suavidade do trilho plano e subirmos para as montanhas, verificamos que no terreno acidentado causa problemas na sequência do movimento. Os problemas não aparecem tanto nas subidas, uma vez que os movimentos das pernas e das ancas serão curtos, concentrados e estáveis, mas nas descidas começa-se a verificar que as ancas giram sobre o eixo central da coluna, como fazem normalmente, só que se inclinam para os lados cada vez que avançamos a perna para descer. Se a armação é rígida, a parte da mesma que está em contacto com a anca mais alta empurra a quina oposta da armação, separando-a do ombro, e o mais grave, o centro de gravidade da carga desloca-se e é distinto do centro de gravidade do corpo, provocando assim o desequilíbrio, o que num terreno com grande pendente e abrupto pode ser perigoso. Basicamente é um problema de balanço da mochila, uma vez que o corpo vai para um lado e a mochila para outro. Ponderou-se em soluções para resolver este problema. Pensou-se então no conceito do arnês sobre as ancas para melhorar o desenho das mochilas, o que se conta como um dos avanços mais importantes para melhorar a comodidade do transporte. O homem nunca foi destinado para ser uma besta de carga e a sua complicada e delicada coluna vertebral não foi destinada para suportar cargas pesadas. Se transferirmos o peso nas ancas em vez de o fazer sobre as costas, podemos carregar a mochila com muita mais comodidade e eficácia e ainda se unirmos o cinturão do arnês aos extremos inferiores da armação, fazendo um cinturão flutuante sobre as ancas, o corpo será independente da armação e vice-versa sem deixar de gravitar o peso sobre as ancas. A essência de um bom desenho de mochila radica na estabilidade e na distribuição do peso. Actualmente quase todas as mochilas têm arneses integrados sobre as ancas que fazem que o peso da mochila seja suportado pelos fortes músculos das ancas e das nádegas, em vez dos ombros

Como escolher a mochila ideal

Esta é a pergunta que apenas cada um pode responder individualmente. A escolha da mochila dependendo do tipo de actividade, é fundamental. Devemos olhar ao aspecto ergonómico, cujo conceito se refere à ajustabilidade dos objectos à anatomia humana. Proporcionar transporte de carga em harmonia com a constituição física humana é a principal função da mochila. Quando escolher a sua mochila deve prestar atenção em como ela se ajusta aos quadris e às costas, deve colocar a mochila nas costas e atar o cinturão das ancas com a sua parte superior sobre o osso da anca, de seguida ajustar as fitas dos ombros de forma que a mochila se ajuste às costas de forma que o ponto mais alto da armação fique a cerca de 4-7 cm abaixo do osso proeminente do pescoço. Este teste deve ser efectuado com a mochila cheia de forma a verificar como ela se adapta ao seu corpo. As mulheres devem verificar se a curvatura das alças não incomoda na altura dos seios (existem actualmente mochilas desenhadas especificamente para mulheres com alças mais estreitas por esse motivo e cinta da barriga mais afunilada adequando-se melhor à bacia da mulher ). A mochila ideal é aquela que mais se adapta às suas actividades e estrutura física. Para testar a resistência da mochila, vire-a do avesso e puxe com força no local das costuras, não esquecendo de testar também a resistência e a regulação das alças de ombro e de barriga.




Espaço entre a mochila e as costas

Existem pessoas que preferem ter um espaço entre a mochila e as costas de forma a criar uma corrente de ar que aumente a ventilação e permita ficar mais frescos. O ideal é levar a mochila o mais possível encostada ao corpo. Uma mochila mais adaptada ao corpo torna a carga mais confortável. Logicamente as costas suarão mais se tiverem uma mochila a pressiona-la, mas também transpiram quando subimos uma montanha sem mochila, é improvável que se crie uma corrente de ar suficiente que permita a evaporação do suor e da condensação que se forma. Quanto mais espaço tivermos entre as costas e a mochila, mais peso carregaremos nos ombros, fazendo que nos inclinemos para a frente para compensar, o que nos cansará mais.

Link: Mochila II
Link: Mochila III

Fonte: Clube de Montanha de Braga

Lista de material para Montanhismo

Roupa

  • Calçado confortável, botas de montanha de preferência (nada a estrear)
  • Calça ou calção confortável
  • Calças impermeáveis (para o caso de chuva ou neve)
  • Casaco impermeável (para o caso de chuva ou neve)
  • Forro polar fino (para o caso de frio)
  • Forro polar grosso (para o caso de muito frio)
  • Roupa interior térmica
  • Meias (de preferência sem costuras)
  • Óculos de sol
  • Luvas finas
  • Luvas impermeáveis (para o caso de chuva ou neve)
  • Gorro (para o caso de frio)

Material

  • Mochila (cerca de 25 lt para caminhadas de um dia)
  • Poncho para mochila impermeável (para o caso de chuva)
  • Colchonete (opcional)
  • Lanterna (para o caso de cair a noite)
  • Canivete
  • Termos (entre 0,7L e 1L)
  • Papel higiénico
  • Sacos para o lixo
  • Bolsa de primeiros socorros
  • Toalhetes
  • Polainas (para o caso de vegetação molhada, chuva ou neve)
  • Pilhas / baterias extras

Material Técnico

  • Bastões de marcha
  • Comida (sandes, barras energéticas, gel energético (ao critério de cada um)
  • Máquina fotográfica (opcional)
Retirado de CMB